domingo, 11 de janeiro de 2009

O Benefício das Fibras na Alimentação

A fibra, um dos componentes dos alimentos vegetais que nos seres humanos não pode ser
digerida pelas secreções gastrointestinais, até á pouco tempo era praticamente ignorada pelos
pesquisadores da área de nutrição e alimentar. Por ser indigerível e de valor nutricional
negligenciável, ela ficava de lado até mesmo na formulação de dietas saudáveis.
Contudo, nos últimos anos este nutriente ganhou importância especial através de observações
epidemiológicas e clínicas que relacionaram a ocorrência de certas enfermidades (doença s
cardiovasculares, cancro do cólon, diabetes....) a dietas pobres em fibras.
Além disso, os mecanismos de acção pelos quais as fibras normalizam a função
gastrointestinal, prevenindo a obstipação (intestino preso), já foram definidos pelos
pesquisadores.
O objectivo deste artigo, portanto, é difundir a importância deste nutriente para nossa saúde,
discutir os recentes avanços no campo das fibras alimentares e consciencializar as pessoas da
importância de se aumentar a ingestão de forma a usufruir de todos os benefícios
proporcionados por ela.
Década de 70 - Início das Pesquisas
O interesse que existe actualmente acerca da relação entre a ingestão da fibra alimentar e o
risco de contrair enfermidades originou-se nas observações de dois médicos ingleses, Dr.
Dennis Burkitt e Dr. Hugh Trowell que trabalharam na década de 70 em estudos em África. Eles
observaram que a dieta dos africanos era baseada em alimentos ricos em fibras (cereais
integrais, verduras, frutas e legumes) e que as doenças gastrointestinais, tais como prisão de
ventre, diverticulite, diverticulose, hemorróides e cancro do cólon eram praticamente
inexistentes. Essas investigações ganharam força também de estudos que demonstraram o
aumento dessas moléstias em países com intenso avanço tecnológico, onde o consumo de
alimentos de origem animal e alimentos refinados superou o consumo dos que eram ricos em
fibras. Nesses países, que inclui, também, Portugal, o avanço das doenças crónico
degenerativas é assustador.
Fibras proporcionam uma redução na incidência do cancro e das doenças
cardiovasculares
Por todos esses motivos, fica cada vez mais claro que o retorno à dieta para a qual estamos
geneticamente adaptados, que consiste em cerca de 85% de alimentos vegetais e apenas 15%
de alimentos de origem animal, reduziria a incidência de muitas enfermidades comuns em
países desenvolvidos. Tal dieta seria inevitavelmente rica em fibra proveniente de grãos
integrais e de produtos à base de farelo, frutas, verduras e leguminosas e, obviamente, seria
muito mais pobre em gorduras. Este tipo de dieta provocaria uma redução significativa na
incidência do cancro e das doenças cardiovasculares que, em conjunto, respondem por cerca
de 70 a 80% das mortes prematuras em sociedades desenvolvidas.
Fibra e a prevenção de doenças
As fibras presentes nos alimentos vegetais podem existir de duas formas: insolúvel ou solúvel.
Embora essas duas fracções actuem no nosso organismo de maneira diferente, ambas trazem
benefícios à nossa saúde.
Grupo Nutrição Celular O beneficio das fibras
A fracção insolúvel é encontrada nos cereais (farelos de um modo geral), hortaliças, frutas
(especialmente nas cascas) e leguminosas. Este tipo de fibra actua principalmente na parte
inferior do nosso intestino (intestino grosso), aumentando o volume fecal e fazendo com que
haja a produção de fezes mais macias. Por isso, elas estão relacionadas à prevenção de prisão
de ventre e de doenças como diverticulite e cancro do cólon.
Os mecanismos pelos quais as fibras insolúveis exercem seus efeitos são simples. Como elas
não são digeridas e nem absorvidas pelo organismo, elas aumentam a quantidade de resíduos
no intestino, o que aumenta o bolo fecal; e como essas fibras têm a capacidade de absorver
água, as fezes ficam mais macias e a movimentação intestinal fica mais facilitada.
A fracção solúvel é encontrada principalmente em alimentos como a aveia, cevada, frutas
cítricas (interior), maçã (casca) e em certas gomas (goma guar, goma acácia, entre outras),
muito utilizadas na indústria de alimentos como espessantes e fontes de fibras. Este tipo de
fibra actua principalmente na parte superior do trato gastro-intestinal, mais especificamente
no estômago e no intestino delgado, onde ocorre a digestão e absorção dos nutrientes. A
acção dessas fibras nesses dois órgãos promove vários efeitos:
· atraso do esvaziamento do estômago (promove saciedade = importante no
tratamento da obesidade)
· atraso da absorção de nutrientes como a glicose (promove menor elevação da taxa
de glicose no sangue = importante no tratamento do diabetes)
· aumento da excreção de ácidos biliares (promove menor absorção do colesterol =
importante no tratamento de doenças cardiovasculares)
12 benefícios do consumo de fibras
Lipidos
· Redução do colesterol total
· Redução do LDL colesterol (mau colesterol)
· Aumento do HDL colesterol (bom colesterol)
· Redução dos trigliceridos
Glicose
· Redução da hiperglicemia (controle do diabetes)
· Aumento da sensibilidade do músculo à insulina
Pressão sanguínea
· Redução da pressão sistólica e distólica
Controle de peso
· Redução da ingestão de energia e gorduras
· Aumento da sensação de saciedade
· Alguma perda da energia consumida
Problemas intestinais
· Alívio da prisão de ventre
· Prevenção de doenças como diverticulite, cancro do cólon e síndrome do intestino irritado.

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